Entrevista ONIP – Allan Kardec Duailibe

“Gás natural é alavanca estratégica para a industrialização do Maranhão”

O gás natural tem sido utilizado como uma alavanca estratégica para a industrialização do Maranhão. A afirmação é do diretor-presidente da Companhia Maranhense de Gás (Gasmar), Allan Kardec Duailibe.

Em entrevista exclusiva ao site da ONIP, Allan Kardec Duailibe destaca que a empresa, criada há 23 anos, contabiliza hoje avanços inéditos, consolidando o desenvolvimento do mercado de gás no estado.

“Em 2024, a Gasmar foi a distribuidora com o terceiro maior volume de gás natural movimentado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, um volume 77% maior que o do ano anterior”, comemora o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

De acordo com o executivo, o Maranhão é uma fronteira próspera para o gás: o estado está entre as três unidades da Federação que têm o gás natural como principal fonte de energia e é considerado uma nova fronteira de produção energética no país.

Para ele, além do gás natural, a exploração de novas fronteiras, como a Margem Equatorial, é uma oportunidade ímpar para a expansão da indústria nacional. “Temos espaço e somos receptivos a empresas e investimentos. Diria, inclusive, que os estados do Norte e Nordeste estão ávidos pela chegada de novos empreendimentos industriais”, afirma.

A Gasmar comemora, neste ano, 23 anos de atividades no Maranhão. Qual o balanço dos últimos anos?

A Gasmar opera, de forma estratégica, como indutora do desenvolvimento do Maranhão, por meio da distribuição de gás natural. Sua meta é consolidar a indústria do gás no estado, gerando empregos, renda e atraindo investimentos. A empresa foi criada em 2002 e iniciou suas operações comerciais em 2013. Atualmente, atua na operação e manutenção do Sistema de Distribuição de Gás Natural do Complexo Termoelétrico do Parnaíba, com base operacional em Santo Antônio dos Lopes e na capital, São Luís.

A companhia tem foco no compromisso com resultados, que nos últimos anos podem ser amplamente contabilizados. Em 2024, a Gasmar foi a distribuidora com o terceiro maior volume de gás natural movimentado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, um volume 77% maior que o do ano anterior. Além disso, a companhia tem registrado êxito na manutenção do índice de excelência no atendimento aos clientes, garantindo 100% de disponibilidade dos ativos, sem qualquer falha nas estações.
Em 2025, a empresa iniciou as operações comerciais com a Vale, mantendo a prestação regular do serviço de movimentação de gás natural. São, em média, oito carretas de GNL por dia para atender ao consumo máximo da empresa, de 250 mil metros cúbicos diários. Com o contrato, a companhia já anunciou uma redução de 28% nas emissões de carbono na usina de pelotização em São Luís, devido ao uso do gás natural em substituição ao óleo.

Também demos início às etapas para o desenvolvimento do mercado automotivo de Gás Natural Veicular (GNV), com o transporte do gás natural liquefeito via modal de uma Unidade de Liquefação, em Santo Antônio dos Lopes, para as Unidades de Regaseificação que serão implantadas em postos de combustíveis em regiões estratégicas.

Em julho, a companhia também inaugurou seu primeiro gasoduto para distribuição de gás natural, certo?
 
Sim. O gasoduto tem uma extensão de quatro quilômetros. A estrutura integra o Sistema de Distribuição de Gás Natural (SDGN2), que passa a fornecer 250 mil m³ de gás natural por dia para a Vale. É o segundo sistema de distribuição de gás natural do Maranhão e contou com R$ 100 milhões em investimentos. Com a inauguração do SDGN2 em São Luís, há a possibilidade de expandir a oferta de gás natural para hospitais, estabelecimentos comerciais e indústrias da região metropolitana e, até mesmo, para uso residencial no futuro.

Estamos trabalhando pelo futuro. A meta é agregar ao mercado da Gasmar, até 2026, os segmentos de consumo industrial e veicular, mantendo-se como líder na movimentação de gás no setor termoelétrico nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

O que conduz todo esse crescimento no setor de gás no Maranhão?

O Maranhão se destaca como uma nova fronteira de produção de energia no Brasil. O estado é um dos três da federação que tem o gás natural como principal fonte de energia.

Essa prosperidade se deve aos 15 campos de exploração de gás natural localizados nas bacias do Parnaíba (MA) e Amazonas (AM), que impulsionam o desenvolvimento e a atração de investimentos para a região.
 
Essa expansão contribui, de alguma forma, com a possibilidade de industrialização do estado?
 
Certamente. A disponibilidade de gás natural na região industrial de São Luís é fundamental para a expansão da oferta, o que, por sua vez, atrai novos negócios e permite a formação de futuras cadeias econômicas. Essa oferta representa uma oportunidade para a industrialização do estado, permitindo que o gás produzido no Maranhão seja utilizado pelas próprias indústrias locais. E, ao falar de indústria, falamos de emprego e renda gerados aqui mesmo, no Maranhão.

A expansão da distribuição de gás natural para outros clientes industriais na região do Distrito Industrial de São Luís já está em uma nova fase do Sistema de Distribuição de Gás Natural, bem como a interiorização em Imperatriz, que possibilitou um contrato comercial com a Suzano Papel e Celulose.

Como ex-diretor da ANP, você tem se destacado na defesa da exploração de novas fronteiras de petróleo no Brasil, principalmente, da Margem Equatorial, argumentando que é uma oportunidade para o desenvolvimento para as regiões Norte e Nordeste. Essa é a oportunidade também para a indústria nacional?

A exploração de novas fronteiras, como a Margem Equatorial, representa uma oportunidade ímpar para a expansão da indústria nacional. Temos espaço e somos receptivos a empresas e investimentos. Diria, inclusive, que os estados do Norte e Nordeste estão ávidos pela chegada de novos empreendimentos industriais.

A grande fronteira exploratória está aqui, e é aqui que reside a solução para o Brasil nas próximas décadas. Há 500 anos que a gente espera uma oportunidade como esta. Após muitos embates, as reservas de petróleo – que são, inclusive, maiores que as do pré-sal – poderão finalmente trazer emprego, renda e desenvolvimento às regiões mais pobres do Brasil. Tudo isso, claro, só é possível com a presença de indústrias e empresas, os verdadeiros vetores da economia.