A diretora-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), Cynthia Silveira, é destaque da edição de novembro da revista Oil&Gas Brasil.

Reflexo de sua trajetória na indústria, na qual ocupou diversos cargos executivos: foi presidente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), diretora de Gás e Energia da francesa Total Energies (empresa na qual ficou quase 17 anos), além de ter integrado o board da International Gas Union (IGU), do conselho da Petrobras, entre outras organizações do setor. Nessa entrevista exclusiva, Cynthia Silveira faz um balanço de 2024, fala das perspectivas para 2025 e destaca a árdua tarefa da entidade para garantir maior participação da cadeia produtiva local em um momento de retomada dos investimentos.

Oil&Gas Brasil: Qual o balanço que a ONIP faz do setor de petróleo e gás no de 2024?

Cynthia Silveira: Creio que o acontecimento mais importante foi o petróleo se tornar a principal pauta de exportação do país, superando a soja e minério de ferro. Isso demonstra a relevância da exploração e produção de petróleo e gás e a decisão acertada da indústria de acelerar a implantação dos sistemas de produção dos campos do pré-sal. O Brasil precisa manter os investimentos nas atividades de E&P, principalmente tendo em vista a recomposição de reservas. Isso foi plenamente sinalizado em pelo menos dois momentos neste ano: em setembro, quando o ministro Alexandre Silveira anunciou o programa Potencializa E&P, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da exploração e produção de petróleo e gás, com foco em novas fronteiras exploratórias e campos de economicidade marginal. A ONIP participou dos seminários realizados em Brasília, em novembro. Foi um debate de altíssimo nível. O outro momento da maior importância está no Plano de Negócios da Petrobras para 2025 a 2029. Durante a divulgação do plano, agora em novembro, a presidente Magda Chambriard ressaltou que a prioridade da companhia para os próximos cinco anos continua sendo a exploração e produção de petróleo e gás. A estatal vai investir US$ 111 bilhões no quinquênio 2025-2029, uma alta de 8,8% em relação ao plano atual, de US$ 102 bilhões. O novo PN inclui projetos para aumentar a disponibilidade de gás e investimentos na revitalização de ativos maduros, com o objetivo de prolongar sua vida produtiva.

Oil&Gas Brasil: Que outros fatos você considera relevantes?

Cynthia Silveira: O debate sobre a importância da exploração de novas fronteiras, como a Margem Equatorial, também ganhou outro rumo, saiu da superficialidade. Hoje há uma unanimidade dentro dos setores produtivos do Brasil, de que explorar a Margem Equatorial é essencial para o país ter a energia que precisa para crescer e os recursos necessários para melhorar desenvolvimento social dos estados do arco-norte. Tudo isso, sem deixar de lado as questões relacionadas à descarbonização e à transição energética. O contraponto a essa pujança da nossa produção de petróleo é constatar que ela não está alavancando, na mesma proporção, as compras junto à indústria de bens e serviços instalados no Brasil. Importantes FPSOs têm sido contratados com empresas fora do Brasil.

Oil&Gas Brasil: Diante disso, quais as perspectivas para 2025?

Cynthia Silveira: De uma forma geral são boas para o setor. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) prevê um aumento de demanda por petróleo no Mundo, e no Brasil a EPE no seu Plano Decenal de Expansão PDE-2034 projeta aumento da produção em território brasileiro, tanto de petróleo como gás natural. O BTG Pactual também divulgou recentemente relatório apontando que as empresas do setor de petróleo e gás natural do Brasil e da América Latina seguem com boas perspectivas, visto que os preços das commodities não devem mais cair substancialmente. Essas são informações importantes. Outro fato que alimenta as perspectivas positivas foi o anúncio, agora em novembro, da assinatura da Manifestação Conjunta dos ministérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) que asseguraram a disponibilização de 91 novos blocos de petróleo para o sistema de Oferta Permanente. Isso vai permitir ao Brasil ter leilões ainda mais atrativos em 2025. A nova oferta de blocos abrange 39 áreas na bacia de São Francisco (MG), 41 blocos e um campo de acumulação marginal na Bacia Potiguar (RN), além de 11 blocos no polígono do pré-sal (Partilha). Então, é dentro desse ambiente positivo para as petroleiras, que precisamos retomar as contratações com a indústria nacional. Há muito trabalho a ser feito para que a cadeia produtiva brasileira participe dos novos projetos e possamos reforçar a engenharia nacional.

Oil&Gas Brasil: Quais os principais desafios para o setor nos próximos anos? Existe algum ponto crítico?

Cynthia Silveira: A produção de petróleo no Brasil, que atualmente está em 3,3 milhões de barris por dia (bpd), em média, devendo chegar a 5,3 milhões de bpd em 2030. Segundo análise da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), após esse pico haverá um declínio na produção nacional. Caso a produção não seja expandida para novas fronteiras exploratórias e haja recomposição de reservas, o Brasil corre o risco de voltar a ser importador de petróleo a partir da década de 2040, o que comprometeria a segurança energética e afetaria de forma severa o desenvolvimento econômico do país. Daí, a necessidade da exploração de novas fronteiras.

Oil&Gas Brasil: Qual a perspectiva para a cadeia produtiva?

Cynthia Silveira: Do ponto de vista da indústria, esperamos que esse horizonte positivo se reflita, por exemplo no Conteúdo Nacional. Olhando para o PIB setorial brasileiro percebemos que o PIB industrial brasileiro não acompanhou o crescimento da indústria de O&G. De acordo com o Painel Dinâmico da ANP, temos quase 40% em investimentos de conteúdo nacional. Mas isso não chega na indústria. Esses números dizem respeito a bens e serviços que não são separados na hora da certificação. Precisamos de uma análise qualitativa desses números. Mais de 60% correspondem à mão de obra, incluindo a das operadoras, e por apoio logístico e operacional. Tudo isso é contabilizado como conteúdo local. O que distorce o propósito da cláusula de conteúdo nacional, criada há 25 anos para fomentar a indústria e desenvolver a nossa capacidade industrial.Um grande desafio são os poucos pedidos feitos a fornecedores locais dos segundo e terceiro elos da cadeia. A forma de contratação e estruturação do financiamento de cada FPSO é a chave para o sucesso do empreendimento e do conteúdo nacional. É preciso priorizar a contratação de engenharia básica no Brasil, reformular os editais de contratos de FPSO para promover a concorrência; convidar preferencialmente os fornecedores locais e utilizar os recursos de PD&I para fomentar o desenvolvimento tecnológico de fornecedores brasileiros.

Oil&Gas Brasil: A ONIP completou 25 anos em 2024. Qual o papel da ONIP hoje?

Cynthia Silveira: O papel da ONIP é ser um fórum de cooperação e articulação entre operadoras de E&P, fornecedores brasileiros, governo e agências para promover o desenvolvimento da indústria de petróleo e gás. Trabalhamos na definição de políticas públicas coerentes que incentivem a competitividade, a inovação e preparem o país para uma transição energética equilibrada. Atualmente o posicionamento da ONIP é ainda mais estratégico em um contexto de novas fontes de energia, transição energética, descarbonização e desenvolvimento de novas fronteiras para um mundo mais exigente na qualidade da energia, onde a demanda não para de crescer. A ONIP oferece no seu site uma ferramenta muito interessante que é o CONECTA ONIP : uma ferramenta na qual o fornecedor se cadastra, indicando seus produtos e serviços e operadoras, afretadores, estaleiros podem fazer buscas. A vantagem do CONECTA ONIP é sua abrangência em todo o território nacional e sua independência, o que oferece competitividade para quem compra.

Oil&Gas Brasil: Você assumiu o comando da ONIP em julho de 2023, quando começaram os sinais de uma retomada dos investimentos. Quais os avanços consolidados nesses período?

Cynthia Silveira: Temos retomado nosso lugar e nossa presença no setor. Em maio, marcamos presença na Offshore Technology Conference (OTC) 2024, reforçando a importância da indústria brasileira de petróleo e gás no cenário de transformação mundial do setor energético. A participação da ONIP no evento teve o objetivo de oferecer a visão de que, nesse novo cenário de oportunidades e desafios da indústria, o Brasil pode não apenas manter a liderança, explorando novas fronteiras, como também deve evoluir a sua cadeia de suprimentos para tecnologias diferenciadas e ter a versatilidade de atender as outras energias. Em junho, participamos dos debates do Macaé Energy 2024, e, um mês depois, estávamos em Brasília na reunião de trabalho promovida pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para tratar sobre a Política de Conteúdo Local no setor de petróleo e gás natural. Em agosto, participamos do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, o Diálogo G20, e da aprovação da Política Nacional de Transição Energética (PNTE). Em novembro, no workshop Potencializa E&P, a ONIP estava presente na mesa ‘Aumentando a Competitividade da Industria Brasileira’. A agenda para 2025 vai nesse mesmo caminho, de maior presença e representação.

Oil&Gas Brasil: Qual a visão de futuro da organização? Quais as principais frentes?

Cynthia Silveira: A visão de futuro da ONIP é resgatar a sua importância histórica, trazendo as associações de volta: hoje congregamos importantes entidades representativas do setor industrial, como FIRJAN, FIESP, FINDES, FIEMG, FIEB, FIERN, FIEMA, ABEMI e CNI. Também queremos promover mais oportunidades de diálogos e de influência para que as políticas públicas sejam corretamente aplicadas e fiscalizadas, para aumentar a contratação junto à indústria nacional, fazer programas de captação de mão de obra, apoiar toda a inciativa que vá no sentido de desenvolver a cadeia produtiva nacional. Mais ainda: fazer com que os recursos da cláusula de PD&I da ANP possam chegar aos fornecedores nacionais para promover sua modernização. São ações importantes às quais vamos nos dedicar.

Oil&Gas Brasil: E as prioridades são…

Cynthia Silveira: Colocar o Conecta ONIP, nosso cadastro de fornecedores de produtos e serviços, com outras funcionalidades em 2025, de forma que ele possa gerar um certificado para as empresas que estão aptas a trabalhar no setor de O&G, com códigos de conduta e todas as exigências que as operadoras fazem para as fornecedoras. Queremos ter isso de forma mais clara em nosso site. Também acompanharemos o sucesso das campanhas exploratórias, pois elas vão gerar demanda de equipamentos e materiais. Vamos a alertar os fornecedores para que eles se preparem para essa demanda com a devida antecedência. Temos, certamente, um horizonte de muito trabalho pela frente.

Confira a matéria oficial neste link: https://revistaoilegasbrasil.com.br/wp-content/uploads/2024/12/Edicao-de-Novembro_Revista-Oil-Gas-Brasil-1.pdf

Entrevista Exclusiva: Cynthia Silveira, diretora-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), por Julia Vaz.

É assim que a diretora-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), Cynthia Silveira, resume as perspectivas futuras para a cadeia produtiva local da indústria de óleo e gás. E trabalho é algo que não assusta a executiva de fala mansa, mas firme no trato com as empresas.

Reflexo de sua trajetória na indústria, na qual ocupou diversos cargos executivos: foi presidente da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), diretora de Gás e Energia da francesa Total Energies (empresa na qual ficou quase 17 anos), além de ter integrado o board da International Gas Union (IGU), do conselho da Petrobras, entre outras organizações do setor. Nessa entrevista exclusiva, Cynthia Silveira faz um balanço de 2024, fala das perspectivas para 2025 e destaca a árdua tarefa da entidade para garantir maior participação da cadeia produtiva local em um momento de retomada dos investimentos.

Oil&Gas Brasil: Qual o balanço que a ONIP faz do setor de petróleo e gás no de 2024?

Cynthia Silveira: Creio que o acontecimento mais importante foi o petróleo se tornar a principal pauta de exportação do país, superando a soja e minério de ferro. Isso demonstra a relevância da exploração e produção de petróleo e gás e a decisão acertada da indústria de acelerar a implantação dos sistemas de produção dos campos do pré-sal. O Brasil precisa manter os investimentos nas atividades de E&P, principalmente tendo em vista a recomposição de reservas. Isso foi plenamente sinalizado em pelo menos dois momentos neste ano: em setembro, quando o ministro Alexandre Silveira anunciou o programa Potencializa E&P, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da exploração e produção de petróleo e gás, com foco em novas fronteiras exploratórias e campos de economicidade marginal. A ONIP participou dos seminários realizados em Brasília, em novembro. Foi um debate de altíssimo nível. O outro momento da maior importância está no Plano de Negócios da Petrobras para 2025 a 2029. Durante a divulgação do plano, agora em novembro, a presidente Magda Chambriard ressaltou que a prioridade da companhia para os próximos cinco anos continua sendo a exploração e produção de petróleo e gás. A estatal vai investir US$ 111 bilhões no quinquênio 2025-2029, uma alta de 8,8% em relação ao plano atual, de US$ 102 bilhões. O novo PN inclui projetos para aumentar a disponibilidade de gás e investimentos na revitalização de ativos maduros, com o objetivo de prolongar sua vida produtiva. 

Oil&Gas Brasil: Que outros fatos você considera relevantes?

Cynthia Silveira: O debate sobre a importância da exploração de novas fronteiras, como a Margem Equatorial, também ganhou outro rumo, saiu da superficialidade. Hoje há uma unanimidade dentro dos setores produtivos do Brasil, de que explorar a Margem Equatorial é essencial para o país ter a energia que precisa para crescer e os recursos necessários para melhorar desenvolvimento social dos estados do arco-norte. Tudo isso, sem deixar de lado as questões relacionadas à descarbonização e à transição energética. O contraponto a essa pujança da nossa produção de petróleo é constatar que ela não está alavancando, na mesma proporção, as compras junto à indústria de bens e serviços instalados no Brasil. Importantes FPSOs têm sido contratados com empresas fora do Brasil.  

Oil&Gas Brasil: Diante disso, quais as perspectivas para 2025?

Cynthia Silveira: De uma forma geral são boas para o setor. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) prevê um aumento de demanda por petróleo no Mundo, e no Brasil a EPE no seu Plano Decenal de Expansão PDE-2034 projeta aumento da produção em território brasileiro, tanto de petróleo como gás natural. O BTG Pactual também divulgou recentemente relatório apontando que as empresas do setor de petróleo e gás natural do Brasil e da América Latina seguem com boas perspectivas, visto que os preços das commodities não devem mais cair substancialmente. Essas são informações importantes. Outro fato que alimenta as perspectivas positivas foi o anúncio, agora em novembro, da assinatura da Manifestação Conjunta dos ministérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) que asseguraram a disponibilização de 91 novos blocos de petróleo para o sistema de Oferta Permanente. Isso vai permitir ao Brasil ter leilões ainda mais atrativos em 2025. A nova oferta de blocos abrange 39 áreas na bacia de São Francisco (MG), 41 blocos e um campo de acumulação marginal na Bacia Potiguar (RN), além de 11 blocos no polígono do pré-sal (Partilha). Então, é dentro desse ambiente positivo para as petroleiras, que precisamos retomar as contratações com a indústria nacional. Há muito trabalho a ser feito para que a cadeia produtiva brasileira participe dos novos projetos e possamos reforçar a engenharia nacional. 

Oil&Gas Brasil: Quais os principais desafios para o setor nos próximos anos? Existe algum ponto crítico?

Cynthia Silveira: A produção de petróleo no Brasil, que atualmente está em 3,3 milhões de barris por dia (bpd), em média, devendo chegar a 5,3 milhões de bpd em 2030. Segundo análise da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), após esse pico haverá um declínio na produção nacional. Caso a produção não seja expandida para novas fronteiras exploratórias e haja recomposição de reservas, o Brasil corre o risco de voltar a ser importador de petróleo a partir da década de 2040, o que comprometeria a segurança energética e afetaria de forma severa o desenvolvimento econômico do país. Daí, a necessidade da exploração de novas fronteiras.

Oil&Gas Brasil: Qual a perspectiva para a cadeia produtiva?

Cynthia Silveira: Do ponto de vista da indústria, esperamos que esse horizonte positivo se reflita, por exemplo no Conteúdo Nacional. Olhando para o PIB setorial brasileiro percebemos que o PIB industrial brasileiro não acompanhou o crescimento da indústria de O&G. De acordo com o Painel Dinâmico da ANP, temos quase 40% em investimentos de conteúdo nacional. Mas isso não chega na indústria. Esses números dizem respeito a bens e serviços que não são separados na hora da certificação. Precisamos de uma análise qualitativa desses números. Mais de 60% correspondem à mão de obra, incluindo a das operadoras, e por apoio logístico e operacional. Tudo isso é contabilizado como conteúdo local. O que distorce o propósito da cláusula de conteúdo nacional, criada há 25 anos para fomentar a indústria e desenvolver a nossa capacidade industrial.Um grande desafio são os poucos pedidos feitos a fornecedores locais dos segundo e terceiro elos da cadeia. A forma de contratação e estruturação do financiamento de cada FPSO é a chave para o sucesso do empreendimento e do conteúdo nacional. É preciso priorizar a contratação de engenharia básica no Brasil, reformular os editais de contratos de FPSO para promover a concorrência; convidar preferencialmente os fornecedores locais e utilizar os recursos de PD&I para fomentar o desenvolvimento tecnológico de fornecedores brasileiros.

Oil&Gas Brasil: A ONIP completou 25 anos em 2024. Qual o papel da ONIP hoje?

Cynthia Silveira: O papel da ONIP é ser um fórum de cooperação e articulação entre operadoras de E&P, fornecedores brasileiros, governo e agências para promover o desenvolvimento da indústria de petróleo e gás. Trabalhamos na definição de políticas públicas coerentes que incentivem a competitividade, a inovação e preparem o país para uma transição energética equilibrada. Atualmente o posicionamento da ONIP é ainda mais estratégico em um contexto de novas fontes de energia, transição energética, descarbonização e desenvolvimento de novas fronteiras para um mundo mais exigente na qualidade da energia, onde a demanda não para de crescer. A ONIP oferece no seu site uma ferramenta muito interessante que é o CONECTA ONIP : uma ferramenta na qual o fornecedor se cadastra, indicando seus produtos e serviços e operadoras, afretadores, estaleiros podem fazer buscas. A vantagem do CONECTA ONIP é sua abrangência em todo o território nacional e sua independência, o que oferece competitividade para quem compra.

Oil&Gas Brasil: Você assumiu o comando da ONIP em julho de 2023, quando começaram os sinais de uma retomada dos investimentos. Quais os avanços consolidados nesses período?

Cynthia Silveira: Temos retomado nosso lugar e nossa presença no setor. Em maio, marcamos presença na Offshore Technology Conference (OTC) 2024, reforçando a importância da indústria brasileira de petróleo e gás no cenário de transformação mundial do setor energético. A participação da ONIP no evento teve o objetivo de oferecer a visão de que, nesse novo cenário de oportunidades e desafios da indústria, o Brasil pode não apenas manter a liderança, explorando novas fronteiras, como também deve evoluir a sua cadeia de suprimentos para tecnologias diferenciadas e ter a versatilidade de atender as outras energias. Em junho, participamos dos debates do Macaé Energy 2024, e, um mês depois, estávamos em Brasília na reunião de trabalho promovida pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para tratar sobre a Política de Conteúdo Local no setor de petróleo e gás natural. Em agosto, participamos do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, o Diálogo G20, e da aprovação da Política Nacional de Transição Energética (PNTE). Em novembro, no workshop Potencializa E&P, a ONIP estava presente na mesa ‘Aumentando a Competitividade da Industria Brasileira’. A agenda para 2025 vai nesse mesmo caminho, de maior presença e representação.

Oil&Gas Brasil: Qual a visão de futuro da organização? Quais as principais frentes?

Cynthia Silveira: A visão de futuro da ONIP é resgatar a sua importância histórica, trazendo as associações de volta: hoje congregamos importantes entidades representativas do setor industrial, como FIRJAN, FIESP, FINDES, FIEMG, FIEB, FIERN, FIEMA, ABEMI e CNI. Também queremos promover mais oportunidades de diálogos e de influência para que as políticas públicas sejam corretamente aplicadas e fiscalizadas, para aumentar a contratação junto à indústria nacional, fazer programas de captação de mão de obra, apoiar toda a inciativa que vá no sentido de desenvolver a cadeia produtiva nacional. Mais ainda: fazer com que os recursos da cláusula de PD&I da ANP possam chegar aos fornecedores nacionais para promover sua modernização. São ações importantes às quais vamos nos dedicar. 

Oil&Gas Brasil: E as prioridades são…

Cynthia Silveira: Colocar o Conecta ONIP, nosso cadastro de fornecedores de produtos e serviços, com outras funcionalidades em 2025, de forma que ele possa gerar um certificado para as empresas que estão aptas a trabalhar no setor de O&G, com códigos de conduta e todas as exigências que as operadoras fazem para as fornecedoras. Queremos ter isso de forma mais clara em nosso site. Também acompanharemos o sucesso das campanhas exploratórias, pois elas vão gerar demanda de equipamentos e materiais. Vamos a alertar os fornecedores para que eles se preparem para essa demanda com a devida antecedência. Temos, certamente, um horizonte de muito trabalho pela frente.

Confira a matéria oficial neste link: https://revistaoilegasbrasil.com.br/wp-content/uploads/2024/12/Edicao-de-Novembro_Revista-Oil-Gas-Brasil-1.pdf