Entrevista ONIP – Alex Carvalho, Presidente da FIEPA
Alex Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA)
“ONIP é uma parceira estratégica para a FIEPA”
Em entrevista exclusiva para o site da ONIP, Alex Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), afirma: a Margem Equatorial como uma das mais importantes oportunidades estratégicas para a transformação econômica e social da Amazônia nas próximas décadas.
“Temos convicção de que o projeto da Margem Equatorial é um caminho concreto para reduzir desigualdades históricas, que mantêm Norte e Nordeste com os piores indicadores sociais do Brasil”, destaca o executivo.
Para o presidente da FIEPA, a ONIP é uma parceira estratégica para a FIEPA, pois as duas entidades compartilham o mesmo objetivo: fortalecer a indústria nacional de petróleo e gás e integrar as diferentes regiões do país nesse processo.
“Estamos prontos para estreitar cada vez mais essa parceria com a ONIP, pois acreditamos que somente com união de esforços entre instituições nacionais e regionais conseguiremos consolidar uma indústria de petróleo e gás forte, inovadora, competitiva e inclusiva, que traga desenvolvimento de fato para todo o Brasil”, reforça.
1 – Considerando o vasto potencial da Margem Equatorial, de que forma a FIEPA visualiza a exploração de petróleo e gás nesta nova fronteira como um catalisador para o desenvolvimento econômico e social das regiões Norte e Nordeste?
O Sistema FIEPA enxerga a Margem Equatorial como uma das mais importantes oportunidades estratégicas para a transformação econômica e social da Amazônia nas próximas décadas. A previsão é de um impacto direto no PIB estadual, com acréscimo superior a R$ 10,7 bilhões no Pará, equivalente a mais de 6% de aumento, além da geração de cerca de 52 mil empregos formais. São números expressivos, entretanto, o mais relevante é o que eles representam na prática, que é dignidade, renda, oportunidades e qualidade de vida para milhares de famílias.
Temos convicção de que o projeto da Margem Equatorial é um caminho concreto para reduzir desigualdades históricas, que mantêm Norte e Nordeste com os piores indicadores sociais do Brasil. Por lei, parte dos tributos e royalties arrecadados será destinada a investimentos em saúde, educação e infraestrutura, permitindo que municípios amazônicos tenham melhores condições de atender sua população.
Além disso, essa nova fronteira energética fortalece a soberania nacional, pois garante segurança energética, reposição de reservas e continuidade do desenvolvimento industrial do país. É, portanto, um projeto estratégico para o Brasil, mas, acima de tudo, um projeto transformador para a nossa região, que poderá se consolidar como protagonista no setor de óleo e gás, gerando empregos qualificados e novas cadeias produtivas.
2 – Quais os esforços a FIEPA tem desenvolvido para demonstrar que a exploração da Margem Equatorial será uma aliada do desenvolvimento sustentável, da transição energética ou da proteção ambiental?
A FIEPA atua de forma firme na defesa de um desenvolvimento que seja sustentável e equilibrado. Recentemente, organizamos o Amazon Energy 2025, em Belém, reunindo representantes dos governos do Pará e Amapá, setor privado, academia e sociedade civil para discutir o futuro energético da região amazônica. No evento, reafirmamos nosso compromisso com a exploração responsável dos recursos, sempre acompanhada de práticas robustas de mitigação ambiental, investimentos em descarbonização e ações de compensação socioambiental.
É importante destacar que o petróleo brasileiro, devido às tecnologias aplicadas, apresenta intensidade carbônica abaixo da média mundial, o que fortalece a agenda de baixo carbono do país. Além disso, defendemos que parte significativa dos recursos advindos dessa exploração seja direcionada
para acelerar a transição energética, investindo em energias renováveis como eólica, offshore, solar, biomassa e biocombustíveis, fortalecendo a diversificação da matriz energética brasileira.
Também temos trabalhado junto aos órgãos públicos para garantir que todo o processo respeite rigorosos critérios técnicos e socioambientais, pois entendemos que proteger o meio ambiente é proteger a vida das pessoas. Nosso compromisso é com um futuro sustentável, inclusivo e próspero para todos que vivem na região Norte.
3 – A exploração da Margem Equatorial tem o potencial de consolidar uma nova indústria na região. Como a FIEPA e seus parceiros estão trabalhando para garantir que essa nova indústria seja acompanhada pela criação de uma nova e robusta cadeia de fornecimento de produtos e serviços, que beneficie diretamente as empresas e a mão de obra local no Norte e Nordeste?
Temos, por meio da Federação, implementado uma estratégia de desenvolvimento industrial integrada em três eixos. O primeiro é qualificação profissional, por meio do SENAI e SESI, com a oferta de cursos técnicos e programas de capacitação alinhados às demandas do setor de petróleo e gás, garantindo que a mão de obra local esteja preparada para ocupar essas vagas, desde funções operacionais até postos de liderança técnica.
O segundo eixo é o fortalecimento das cadeias produtivas locais. Temos promovido rodadas de negócios, mapeamento de fornecedores regionais e articulação com as grandes operadoras para incentivar a internalização das compras e a contratação de serviços locais. Isso garante que o investimento permaneça na região, fortalecendo as pequenas e médias empresas e estimulando o crescimento econômico sustentável.
O terceiro eixo é a infraestrutura e logística, que são fundamentais para garantir competitividade. Temos dialogado com o governo estadual e federal sobre a necessidade urgente de dragagem dos portos, ampliação de terminais e melhoria das vias de escoamento, para atrair investimentos e assegurar que a indústria petrolífera se instale aqui de forma definitiva e estruturante.
Nosso objetivo é claro de que a Margem Equatorial não seja apenas uma exploração de recursos, mas um verdadeiro motor de desenvolvimento, que deixe legado para gerações futuras.
4 – Além da exploração da Margem Equatorial e suas receitas em termos de royalties, a atividade petrolífera de apoio tem o potencial de estimular o desenvolvimento tecnológico e a inovação dentro das regiões Norte e Nordeste. Como a FIEPA vislumbra se posicionar para atrair empresas para a região?
A FIEPA está trabalhando para consolidar o Pará como um ambiente favorável para negócios, inovação e tecnologia. Queremos atrair empresas do setor
petrolífero e de serviços correlatos para que se instalem aqui não apenas para explorar no nosso estado, mas para desenvolver tecnologia junto com nossos centros de pesquisa, universidades e parques tecnológicos.
Além disso, defendemos políticas públicas que promovam segurança jurídica, incentivos fiscais competitivos e investimentos em infraestrutura, pois somente assim criaremos um ecossistema industrial robusto, capaz de reter empresas, gerar empregos qualificados e posicionar o Pará como um polo de tecnologia e inovação na Amazônia e no Brasil.
5 – Nesse sentido, da consolidação de uma nova indústria e da busca pela competitividade no setor de petróleo e gás, quais parcerias podem ser alinhadas entre a ONIP e a FIEPA?
A ONIP é uma parceira estratégica para a FIEPA, pois compartilha o objetivo de fortalecer a indústria nacional de petróleo e gás e integrar as diferentes regiões do país nesse processo. Acreditamos que podemos atuar juntos em pelo menos três frentes.
Por meio de programas de desenvolvimento de fornecedores locais, promovendo capacitação técnica, gestão empresarial e adequação às exigências do setor, para que as empresas amazônicas possam se tornar fornecedoras qualificadas no mercado nacional.
Com as rodadas de negócios regionais, como já realizamos pelo Centro Internacional de Negócios da FIEPA e pelo Núcleo de Acesso ao Crédito, conectando operadoras e fornecedores do Norte e Nordeste, criando oportunidades reais de contratos e expansão de negócios, fortalecendo as cadeias produtivas regionais.
E ainda com inovação e tecnologia, desenvolvendo projetos conjuntos para fomentar pesquisas aplicadas ao setor, potencializando a criação de soluções locais para desafios globais, como descarbonização, digitalização de processos e energias alternativas.
Estamos prontos para estreitar cada vez mais essa parceria com a ONIP, pois acreditamos que somente com união de esforços entre instituições nacionais e regionais conseguiremos consolidar uma indústria de petróleo e gás forte, inovadora, competitiva e inclusiva, que traga desenvolvimento de fato para todo o Brasil.