Entrevista ONIP – Alexandre dos Reis – Diretor do SENAI RJ

“Parceria da ONIP com o SENAI RJ pode identificar lacunas de mão de obra”
De acordo com Alexandre dos Reis, diretor do SENAI RJ, estima-se a criação de mais de 10 mil novos postos de trabalho no Estado do Rio de Janeiro até o final da década apenas no segmento de exploração e produção. Por outro, atualmente, a indústria de petróleo e gás no Brasil enfrenta uma significativa escassez de mão de obra qualificada.
“Essa escassez é atribuída a vários fatores, dentre eles, o crescimento acelerado do setor, a formação insuficiente de profissionais e a falta de estratégia para formação de recursos humanos”, explica Reis, em entrevista exclusiva para o site da ONIP.
Para Reis, a parceria da Organização com o SENAI RJ pode identificar lacunas de mão de obra e competências específicas demandadas pela indústria de petróleo e gás, assim como incentivar o desenvolvimento de projetos de inovação tecnológica entre as empresas, de forma a aumentar a competitividade e, consequentemente, a participação dessas empresas na cadeia produtiva do setor.
Considerando que o Rio de Janeiro é responsável por mais de 80% da produção nacional de petróleo, e a perspectiva de aquecimento e crescimento do setor. Qual o potencial de geração de empregos, diretos e indiretos, no estado?
O estado do Rio é hub de energia do Brasil, com oportunidades de desenvolvimento de projetos nos mais diversos segmentos do mercado. É um cenário onde o mercado de petróleo ainda é e continuará sendo um dos principais propulsores da nossa economia. Isso fica claro quando identificamos que em torno de 75% dos investimentos projetados pela Petrobras em seu novo Plano de Negócios serão destinados a projetos em território e águas fluminenses. Como resultado, estima-se mais de 10 mil novos postos de trabalho até o final da década apenas no segmento de exploração e produção, empregos estes perenes ao longo do desenvolvimento da produção das mais de 10 novas unidades que serão instaladas nos mares do estado. Expandindo a avaliação para outros segmentos da cadeia de valor de óleo e gás, considerando desde o processamento e refino até diferentes segmentos de consumo dos subprodutos, podemos ultrapassar outras dezenas de milhares de novos postos de trabalho, os quais terão a sua ordem de grandeza definida pela confirmação de projetos e a janela de tempo na qual estes serão desenvolvidos.
Muitos especialistas e executivos de petroleiras e fornecedores de produtos e serviços para o setor têm alertado para a falta de mão de obra qualificada, para dificuldades de contratação e para um apagão de mão de obra. Qual o cenário hoje, nesse sentido? O que ocasionou esse cenário?
Atualmente, a indústria de petróleo e gás no Brasil enfrenta uma significativa escassez de mão de obra qualificada, mesmo oferecendo salários até 5,7 vezes superiores à média de outros setores. Desde 2020, o setor registrou um aumento de mais de 40% no emprego formal, impulsionado pela expansão das atividades de exploração e produção, especialmente no pré-sal. A Petrobras, por exemplo, planeja implantar 14 novas plataformas até 2029, demandando cerca de 8.000 novos empregados.
Essa escassez é atribuída a vários fatores, dentre eles, o crescimento acelerado do setor – a rápida expansão das operações de petróleo e gás aumentou a demanda por profissionais especializados em um curto período -, a formação insuficiente de profissionais – há uma lacuna na formação de novos talentos para atender às necessidades específicas do setor, resultando em dificuldades para preencher as vagas disponíveis – e a falta de estratégia para formação de recursos humanos – a ausência de uma estratégia nacional eficaz para a formação e capacitação de profissionais na área de petróleo e gás contribui para o déficit de mão de obra qualificada.
Neste tema temos investido em novas operações e portifólio de cursos, além disso estamos dialogando com diversas empresas e fazendo programa customizados para atender à demanda. Investimos em novos metros quadrados e equipamentos nos SENAIs de Macaé, Campos e Grande Rio.
O que é preciso ou possível fazer para reverter esse quadro?
O principal é o diálogo com as empresa para entender qual e onde está faltando a mão de obra, sem isso não adianta. E nós estamos fazendo isso. A falta de mão de obra qualificada no setor de petróleo e gás é um desafio significativo, mas existem diversas estratégias que podem ser adotadas para reverter esse quadro. É fundamental investir em educação e aumentar a atração de jovens. Podemos também requalificar profissionais de outros setores, atraindo trabalhadores de áreas afins, como mineração e construção, e treiná-los para o setor de petróleo e gás. Além disso, é importante compartilhar sempre melhores práticas, de forma que as empresas trabalhem juntas para estabelecer padrões de treinamento e certificação.
Como o SENAI RJ, que é um dos principais apoiadores da ONIP, vem atuando para qualificar mão de obra no estado?
Temos uma contribuição significativa no desenvolvimento de competências para o setor de óleo e gás, por meio de uma metodologia focada na formação prática e no alinhamento com as demandas do mercado. Essa abordagem tem ajudado a preparar profissionais com as habilidades técnicas e comportamentais exigidas pelas empresas do setor.
O diálogo com as empresas é essencial para identificar as lacunas de mão de obra e direcionar nossos esforços de forma estratégica. Nesse sentido, temos mantido uma abordagem ativa para entender as demandas do mercado e do setor de Óleo e Gás. Essa interação permite identificar áreas críticas e desenvolver programas e cursos alinhados às necessidades do mercado, e empregabilidade local.
Atualmente, desenvolvemos programas de formação que atendem às demandas específicas do setor de óleo e gás, para a Petrobras, por exemplo, temos o Mulheres a Bordo e o Projeto Universidade Petrobras. Esses programas têm como objetivo promover inclusão e qualificação para públicos diversos, fortalecendo a presença de mulheres e outros grupos no ambiente Off Shore.
Também oferecemos uma ampla gama de cursos, incluindo formação inicial e continuada para operadores de sonda, operadores de produção offshore, soldadores, caldeireiros, dentre outros.
Qual o perfil do profissional que as empresas do setor estão buscando? Como o profissional pode se colocar melhor nesse mercado de trabalho?
As empresas do setor de óleo e gás estão buscando profissionais que combinem competências técnicas sólidas com habilidades comportamentais e alinhamento às novas tendências de sustentabilidade e inovação. Esse perfil reflete a complexidade e as exigências de um mercado em constante evolução.
Temos contribuir significativamente para a formação de profissionais no setor de óleo e gás com o perfil exigido pelas empresas, por meio de suas metodologias inovadoras, infraestrutura de ponta e forte alinhamento com as demandas do mercado.
Como o profissional pode se colocar melhor nesse mercado de trabalho?
O setor de óleo e gás é dinâmico, altamente competitivo e exige profissionais capacitados, proativos e conectados às demandas do mercado. Para isso, é essencial investir em uma formação técnica de qualidade e atualização constantemente, desenvolver competências comportamentais (soft skills), estar atento às tendências e inovações do setor, ampliar a rede de contatos (networking), e demonstrar alinhamento com os valores e a cultura das empresas, por exemplo.
Como a ONIP pode apoiar as ações do SENAI RJ?
A parceria da ONIP com o SENAI RJ pode identificar lacunas de mão de obra e competências específicas demandadas pela indústria de petróleo e gás, assim como incentivar o desenvolvimento de projetos de inovação tecnológica entre as empresas, de forma a aumentar a competitividade e, consequentemente, a participação dessas empresas na cadeia produtiva do setor.